O uso de perfumes é um hábito muito antigo, tendo início nas civilizações antigas do Egito, passando pelos impérios persa, grego e romano. Dos mais variados preços, aspectos e fragrâncias, os perfumes deixaram de pertencer à realeza e, nos dias atuais, são parte do cotidiano de muitas pessoas, despertando, através do olfato, emoções como prazer, atração e sensação de limpeza. A arte de fazer perfumes é uma expressão dos impactos que a Química tem nos produtos que consumimos, uma vez que as fragrâncias têm suas propriedades ditadas pelas particularidades das moléculas que as compõem.

Fragrâncias são compostos químicos com cheiro agradável. Elas podem ser extraídas de plantas ou até mesmo de animais. Porém, atualmente, a demanda do mercado forçou químicos e engenheiros a recorrerem ao laboratório para o design de novas fragrâncias, fazendo uso de processos produtivos mais interessantes do ponto de vista econômico e ambiental. Antigamente, as fragrâncias eram classificadas de acordo com sua origem. Por exemplo, uma fragrância extraída de flores era alocada no grupo de florais. Atualmente, a classificação é baseada na volatilidade de seus compostos. Mas o que é a volatilidade? Esse é um conceito muito importante em química que avalia a capacidade de uma substância de passar do estado líquido para o estado de vapor ou gasoso. Substâncias mais voláteis, passam ao estado gasoso mais facilmente. 

A classificação a partir da volatilidade compreende 14 grupos no total: cítrica (limão), lavanda, ervas (hortelã), aldeídica, verde (jacinto), frutas (pêssego), florais (jasmim), especiarias (cravo), madeira (sândalo), couro (resina de vidoeiro), animal (algália), almíscar, âmbar (incenso) e baunilha. Esses diferentes grupos passam então a compor as notas do perfume. Um bom perfume é constituído de três notas principais:

  • Nota superior – é a mais volátil, sentida nos primeiros quinze minutos de evaporação. 
  • Nota do meio – parte intermediária do perfume e leva de três a quatro horas para ser percebida.
  • Nota de fundo – também chamada de fixador, é a parte menos volátil de um perfume. 

Sabe quando você passa por uma loja, borrifam um pouco de perfume em um pedaço de papel e dão uma sacudida antes de te entregar para sentir o cheiro? Então isso favorece a volatilização da primeira nota, para que você identifique qual o cheiro o perfume vai ter por um período maior de tempo. 

Por fim, vale dizer que, de maneira simplificada, os cheiros e odores são produto de moléculas leves o suficiente para se espalhar pelo ar. O ponto é que, para a fabricação de perfumes, são selecionados odores e fragrâncias que são mais atrativas ao olfato humano. Outro fato interessante é que as percepções de cheiros podem ser alteradas de pessoa para pessoa por motivos genéticos. Dependendo de alterações no genoma, os receptores de cheiros podem ser diferentes, fazendo com que o odor não seja o mesmo para você e para os seus colegas. Legal, não é?

Se você quiser saber mais, o livro “Contém Química: 100% Natural” tem um capítulo que fala um pouco mais sobre perfumes. O livro é o terceiro da série “Contém Química” e faz parte da coleção “O que é ser cientista?”. Foi escrito por docentes e discentes do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia/Química da Universidade Federal do ABC e está disponível para download aqui.

Voltar para a “Casa da Química”

Fontes:

http://www.chemistryislife.com/the-chemistry-of-perfume

http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc04/quimsoc.pdf

http://www.operfumistico.com.br/2011/09/composicao-quimica-das-fragrancias.html